A propósito do que se passou no Bairro Jamaica na madrugada de Sábado para Domingo à saída de um discoteca onde alegadamente se ingeriram drogas e álcool depois de uma zanga entre duas meninas, uma de ascendência cabo-verdiana outra angolana e a propósito da actuação da PSP depois de solicitada por uma das partes, pergunto: – Vale a pena tanto tempo de antena?
Por Brandão de Pinho
Nas circunstancia que referi o estranho seria não haver nenhuma confusão. Álcool, noitadas, mulheres ainda para mais conhecida a rivalidade entre as duas comunidades de onde são oriundas (não que isso as defina por si) teria que dar em confusão. Se ninguém filmasse teria sido mais um dia, mais uma noite, mais uma madrugada, enfim, mais uma manhã aborrecida de Domingo.
Quando digo que a noite foi regada a álcool e sob a influência de drogas não é porque ache que estas tenham algo a ver com os desacatos ou que eu tenha alguma coisa contra o seu consumo, pelo contrário, mas imagino que sem o seu consumo não houvesse maneira de alguém aguentar, até de manhã, a ouvir música estridente, a suportar a insalubridade e a falta de espaço, a pagar preços inflacionados por bebidas, a não ter o que comer por tanto tempo, e ainda, aguentar bichas intermináveis para o WC. E claro, se os foliões tivessem ido mais cedo para casa, não estariam à porta da discoteca mais tarde.
Ou seja. Vamos reflectir com calma. O pessoal anda indignado em Portugal e em Angola. Talvez os dois países mais mansinhos e mais brandos dos seus continentes e onde é mais fácil aos governantes roubarem descaradamente os seus cidadão para enriquecimento de uma pequena casta escolástica privilegiada e parasita sem que paguem por tal, bem como essa casta. É isso? A plebe (os pró e os contra, vai tudo para o mesmo saco) anda indignada por causa de rixas e de actuação da polícia com excesso de força? Todos os fins-de-semana há disso, por amor dos deuses… em todo o mundo civilizado, mais ou menos.
O pessoal anda a tomar posições extremadas por causa de um briga à porta de uma discoteca por causa de duas meninas? É isso mesmo? E porque a polícia reagiu quando foi recebida à pedrada? Só temos de estar felizes por eles não serem poltrões temerosos apesar de terem exagerado como se viu no vídeo e terem de pagar por isso.
Percebo bem os vários lados da questão e todos eles terão a sua razão e não a terão de todo em simultâneo. Aliás tentei ouvir a este propósito pessoas e grupos cuja opinião sobre o “Caso Jamaica” se soubesse de antemão, razão pela qual tento ter sempre à mão, o acesso a cerca de uma boa dúzia de pessoas que me servem de barómetro para certas coisas e a quem ausculto tentando que não se apercebam muito do meu expediente, para ver certas tendências, o que me pode fazer ver as coisas por um panorama diferente e ter pontos de vista sobre certos ângulos de outra forma insondáveis quiçá.
Um exemplo são elementos de extrema-direita, pobres e infantis diabos, mas que ao contrário dos de extrema-esquerda, pelo menos discutem os assuntos de forma minimamente civilizada; outro exemplo, para terminar, é uma senhora dona do local onde vou tomar café e comprar o meu tabaco (e fumar enquanto bebo café, abrigado) que é, digamos, muito típica e de fortes opiniões entre as quais uma militante homofobia… que curiosamente foi “curada” quando passei a ir lá na companhia de um homossexual militante, dar-lhe a ganhar o pão. Miraculosamente nunca mais a ouvi falar mal de “paneleiros” (é impressionante a relação directa entre a ignorância em relação a uma coisa e o preconceito em relação a essa mesma).
Desta forma, visto e ouvido o que tinha que fazer, neste momento, posso afirmar que estou em condições de dar uma imagem lúcida sobre os acontecimentos no Bairro da Jamaica.
As autoridades portuguesas, PSP e GNR são racistas, bem como os guardas prisionais. É um facto, não tenho dúvidas. Sobretudo desde que os seus elementos vão para Lisboa e Margem Sul e começam a lidar com a população dos bairros periféricos. São mais racistas que a população em geral mas muito menos racistas que as suas congéneres europeias.
Os habitantes nos bairros periféricos são vítimas da incompetência do país e sobretudo das autoridades metropolitanas e municipais (maioritariamente de esquerda) que não encontraram soluções para lhes dar condições mínimas de dignidade para puderem viver num local minimamente decente e tranquilo de forma a serem cidadãos na sua plenitude e terem igualdade, por exemplo, no acesso a uma coisa tão simples e básica, que é fundamental na psique de um indivíduo e comunidade: – acesso ao mercado de trabalho, ao ganha-pão; que mais não é do que o cartão de identificação visceral de um indivíduo pois as pessoas são a sua profissão de certa forma e parte do que são, é a competência e honestidade com que desempenham o seu trabalho (não me interessa que o meu médico ou o meu canalizador seja preto ou branco, português ou estrangeiro, homem ou mulher, interessa-me é o trabalho e o preço). Mas o facto de o Estado Português ser incompetente representa apenas uma pequena parte na exclusão dos habitantes desses bairros. Em muitos casos verifica-se uma auto-exclusão fruto da frustração, indolência e torpor ainda para mais intelectualmente desonesta pois socorre-se de clichés abjectos para justificar e perpetuar essa exclusão.
As pessoas. Os espectadores que estão na pacatez aparente – mas no fundo cheios de problemas nada pacatos- do seu lar a consumir, sedentos, informação real (pois ver uma série não sacia completamente esse desejo primitivo do Homem de beligerância e violência, e, de se tomar partido pelo “Nós” contra os “Outros”) mais através das redes sociais do que dos média convencionais, querem um bocado de emoção, querem sentir-se em estado de sítio para tornarem as suas plácidas e quietas e ridículas vidas um tudo ou nada mais excitantes (já que as manifestações dos coletes amarelos não deram em nada) e à falta de futebol que outro melhor motivo para descarregar um pouquinho de indignidade e indignação? Ainda bem que o fora-de-jogo do Pizzi sobre certos ângulos não o é o que dará origem a conversa para mais de quinze dias.
A embaixada angolana (agora já se retratou) e o Jlo comportaram-se como meros internautas acéfalos nas primeiras declarações. Ainda não ouvi Lourenço a retratar-se. Gostaria de salientar que a populaça tem em si uma capacidade e maldade infinitas, capaz de causar o caos, e, só precisa de um rastilho, mesmo que o rastilho seja tão fraco como é o caso do Jamaica. A Primavera Árabe começou por menos e os resultados foram o que se sabe. Por isso dirijo-me ao Presidente Angolano: “-Também tu Jlo? Também queres popularidade à custa da demagogia e da ignorâncias alheia?”
E reportando-me a Jlo também o poderia fazê-lo em relação a outras pessoas com responsabilidades cá e em Portugal, que escolheram o lado mais -a curto prazo- rentável em termos de votos e justificação dos cargos que ocupam, pensam eles.
Em Portugal apesar dos grupúsculos de extrema-direita não terem expressão este tipo de incidentes traz-lhes vantagens para o argumentário -por norma infantil e infundado- que até num país como Portugal poderá dar frutos. Em Angola poderá passar-se o mesmo apesar de parecer ser um tabu falar-se de extrema-direita africana, um dia darei a minha opinião sobre o tema.
Para terminar gostaria de dizer que a expressão, que oiço de ambos os lados da barricada “Vai para a tua terra!” só seria verdadeiramente aplicável se dita, ou por angolanos legítimos, em Angola ou portugueses legítimos, em Portugal. Quase não os há.
Em Angola os legítimos angolanos seriam os pigmeus, ou hotentotes ou bosquímanos (todos estes termos pejorativos) ou, mais correctamente, os Khoi-san. Ou seja, nem os 94% da população que se diz pertencer às várias etnias banto nem os 4% da população de Angola branca ou mestiça são verdadeiramente angolanos. Os portugueses vieram no século XVI muito antes dos boers chegarem à África do Sul e muito antes de alguns grupos étnicos banto chegarem a Angola, pois a maioria chegou de facto antes, tendo dizimado os legítimos Khoi-san que nem sequer foram absorvidos geneticamente, foram mesmo dizimados e expulsos para Sul.
Imagino o que o grande Nelson Mandela diria disto tudo, justamente ele cujas origens bosquímanas são tão evidentes (basta olhar para os olhos como que meio achinesados -trata-se da prega epicântica típica dos Khoi-san, verdadeiramente os pais de toda a humanidade) e que não usou esse facto como desculpa para a tremenda injustiça de que parte do seu ancestral povo foi vítima.
Em Portugal, os verdadeiros portugueses seriam os Lusitanos e outros povos celtas, brancos, loiros e de olhos azuis, como há poucos actualmente.
Portanto meu caro leitor, quando tiver a tentação de mandar alguém para a sua terra, certifique-se de que legitimamente tem propriedade para o fazer ou se não deveria ser um celta ou um pigmeu a mandá-lo a si ir para a sua terra, se eventualmente souber onde é. O que não me parece possível.
Houve Angolanos a quém foram dadas casas sociais em Portugal e que não conseguiram honrar o pagamento de rendas de 3 (três) euros mensais mas gastavam mais do que o triplo diàrio em bebida…muitos Angolanos são preguiçosos, não gostam de trabalhar mas viver acima das posses…alguns para comer uma manga sentam-se de braço estendido à espera que uma tombe na mão.
Por experiência própria um dia a compôr o telhado da casa da minha mãe, perguntei ao meu sobrinho onde havia barrotes à venda, ele disse-me em x sitio, perguntei longe? Não, uns quinhentos metros. Vamos lá buscar 4 barrotes, disse-lhe eu. Como assim tio? Trazemo-los às costas. Não tio, pagamos (com o meu dinheiro) uns bakangus para trazer…
Há gajos que possuem um tundra mas nunca encheram o deposito ao veículo nem sabem o quanto custa em manutenção pois raramente é feita.
Essa de querer emprego e casa para toda a gente deve ser ANEDOTA !
Muito antes do 25 de Abril já os portugueses emigravam para a Alemanha, para a França, para a Bélgica, para a Holanda, eu sei lá…!
Muitos a “salto”, arriscando a própria vida social e física. E quando chegavam ao seu destino nada tinham. Nem casa nem emprego. Iam viver para um qualquer “bairro de lata” sem o mínimo de condições. E nem por isso andaram a queimar contentores de lixo, automóveis ou esquadras da polícia. E venceram ! Com trabalho, e nunca com ódio racista !
Ou seja venceram com DIGNIDADE. Mas isso não se vende nem se compra…
Quanto mais se fala nisto pior.
Às vezes pode haver a tentação de se usar palavras caras mas tirando o caso de poltrão, indolência, e menos, torpor e beligerância pois pelo sentido chega de lá, não parece que o autor tenha recorrido muito a essa tentação. Mas a verdade é que ninguém é donobde terra alguma. Nem os judeus que ha cerca de 4.000 anos receberam de “Deus” a terra prometida.
Ou seja, toda a Terra é a nossa terra, e todos devemos estar irmanados nesta ideia tão simples. Somos todos cidadãos do mundo.
Um ponto interessante, mas acho que foste demais verboroso , e o uso exagerado de “palavras caras” ,pode dificultar um pouco a compreensão do texto para alguns leitores.